Editorial

Exposionalidade é um conceito necessariamente indeterminado. Nós o usamos para qualificar significados emergentes em todas as formas de complexas constelações materiais — em nosso caso, as distribuições de media e textos ao longo das páginas da web. No entanto, sendo emergentes, esses significados não podem ser uma função da forma, nem podem eles mesmos ser formalizados. Mesmo assim, sabemos que funcionam.

Read more

Riqueza e densidade são pré-requisitos. Quando há riqueza e densidade, coisas inesperadas podem acontecer que são os traços da prática material não totalmente direcionados pelo autor. Em contrapartida, um texto proposicional é pobre, e da mesma maneira o são as imagens e arquivos multimedia que apenas servem como ilustrações. No que diz respeito à pesquisa artística, novamente, os artistas são encorajados a empobrecer seus trabalhos em prol do fator comunicativo conduzindo a uma torrente de expressões discursivas como a “arte fala” que são falhas quanto ao engajamento. 

As exposições são portas de entrada para a especifidade das complexidades materiais. Quando compreendemos, ficamos envolvidos — e quando nos tornamos envolvidos, experienciamos os potenciais e as limitações. As quais não estão apenas em nossa frente, mas conosco, o que significa dizer, que exposições realmente são desafios que nos interrogam e nos forçam a exergar e dar a conhecer o mundo através de pontos de vista e maneiras específicas.

A exposicionalidade, portanto, rebaixa o discurso, o qual tem sufocado a pesquisa nas artes por demandar padrões científicos de comunicação. Entretanto, se olharmos o atual ataque às ciências e discursos em certas partes do mundo, corremos o risco de sermos entendidos como parte das tendências antirracionais que servem os interesses específicos de poucos. Enquanto isto é profundamente pertubador, é problemático responder defendendo abertamente o discurso, pois sabemos que não apenas é limitado mas também complacente com todo tipo de injustiça.

Uma melhor maneira de responder seria argumentar que a pesquisa artística surgiu historicamente durante os últimos estágios de uma crise epistêmica, a qual tem se acelerado como uma avalanche. Esta avalanche já nos ultrapassou, pela observação das coisas. Há agora o consenso de que o que parecia irracional nas artes no mundo atual, apareceria como o ultimo refúgio da racionalidade. Isto é, do significado não subjugado ao poder.

Com base neste princípio, é tempo de revertermos a perspectiva e compararmos a pesquisa artística não tanto quanto a formas de conhecimento estabelecidas em Instituições de Ensino Superior. Mas procurarmos seu trabalho epistêmico em contextos sociais e materiais, onde está sua competência, com ofertas epistêmicas alternativas abaixo do radar discursivo. Situados desta maneira, podemos ser guiados pelo trabalho de muitos pesquisadores artísticos os quais, ao invés de juxtaporem arte e discurso, performam novas relações entre ambos, onde um não domina categoricamente o outro. Sem esta reversão, a academia — bem como a ‘arte contemporânea’ com suas próprias formas de discurso — pode travar a pesquisa artística, removendo-a de seu contexto onde ela importa.

Em pauta está a questão do que a pesquisa pode oferecer para a vida para além dos ciclos de inovação (‘progresso’), que é consenso corrente estarem cada vez mais em declínio. Aqui, então, está o elo entre a deterioração das condições ambientais, a guerra global e a diminuição da coesão social em comunidades pós-industriais: que o novo conhecimento e entendimento importam menos e adquirem menos sentido sem uma reavaliação fundamental de nossos enquadramentos epistêmicos, os quais ainda são construídos sob a desigualdade e o abuso epistêmico.

Se tomarmos a arte como um modelo aqui, temos de dizer que sim, tem havido progresso, e sim, cada artista esculpe seu novo e único espaço, ou espaços. No entanto, trabalhar com arte não invalida o que outros estão fazendo ou o que foi feito anteriormente antes deles, nem o que está feito por aqueles cujos trabalhos ainda nos faltam conceitos artísticos. Será que nossas pressuposições continuam nos impedindo de sermos verdadeiros pesquisadores?

Se fossemos aplicar o conceito de exposicionalidade à rica complexidade material que é nossa vida atual, nosso trabalho ainda seria caracterizado por adicionar novas coisas ao mundo. Entretanto, também consistiria em configurar de novo o que já está dado, e em última análise, consistiria em desenvolver uma sensibilidade quanto aos efeitos que tudo isto envolve na vida emergente. A experiência de exposicionalidade, em todos os níveis, é a de afirmação, o que pode ser precisamente o que estamos sentindo falta.

Michael Schwab
editor chefe

Becoming Monika: An Exploration of a World between the Self, Other, I and We

Anna Chrtková

In a hyper-individualised, market-driven neoliberal world where everyone is considered responsible for their own success and happiness, the notion of a common or collectively lived future seems either naive or — given the Eastern and Central European experiences of failed state socialism — totalitarian. To this, the natural and social sciences offer a counter-hypothesis: We already are interconnected in terms of biological matter, ecosystemic relations, climate systems, shared societal infrastructure, and even global financial markets.

[...]
keywords:

Found in Translation: The Poet's Love(r)

Chanda VanderHart, Rebecca Babb-Nelsen, Eric Stokloßa

The impossibility of perfect translation is a widely acknowledged trope, yet translation remains a powerful act of meaning-making. This research-creation project investigates not what is lost, but what is gained through translation, by presenting and reflecting on our artistic re-interpretation of Dichterliebe, Robert Schumann’s nineteenth-century song cycle on texts by Heinrich Heine.

[...]
keywords:

Improvising Time: An investigation into the link between time and intersubjectivity in the performance of solo dance improvisation

Nareeporn Vachananda

Improvising Time is a practice-led research project investigating embodied temporality in the performance of solo dance improvisation. It explores two temporal concepts in Japanese Noh theatre — the sequencing concept of jo-ha-kyū 序破急 and the notion of ma 間, defined as interval — investigating how jo-ha-kyū and ma can be embodied for the temporal organization of solo dance performance when improvised before an audience.

[...]
keywords:

Motion, Music, Mediation: Bridging Tradition and Technology in Swedish Folk Dance-Music

Olof Misgeld

This exhibition presents an investigation into the folk music and dance practice polska, involving a group of Swedish folk musicians and dancers. The investigation employs optical motion capture (mocap) to explore interactive music and dance performances and create innovative artistic expressions by merging traditional practices with contemporary media technology. As a musician working closely with the dancers he plays for, the author explores ways to mediate dance through the sonification and visualisation of movement data.

[...]
keywords:

The Grand Tour Experiment: A Transformative Traverse of the Picturesque Landscape

Rebecca J. Squires, Bart Geerts

The Grand Tour Experiment: A Transformative Traverse of the Picturesque Landscape was a human-pulled carriage journey that re-envisioned the eighteenth-century traverse of the picturesque landscape, the subject-objectification of the view, and the imperialistic impulse behind the voyage pittoresque. This artistic experiment visually, kinaesthetically, and performatively explored the transformation from landscape to image that formed the basis of modern perception, as part of the colonial legacy inherent within the picturesque view.

[...]
keywords: